PRIMEIRA VISITA
Em visita a instituição de educação infantil, fomos
recebidas pela coordenadora que é pedagoga, com especialização em gestão
pública municipal e docência na educação infantil, mestra pelo PPGE e está
cursando doutorado. Atua como coordenadora na referida instituição desde o
início do ano letivo que iniciou em fevereiro. Foi coordenadora de uma
faculdade de Maceió e coordenadora de uma escola municipal.
A coordenadora também já atuou no campo da educação
básica, educação infantil, inclusive segundo ela é com que mais se identifica,
com a educação dos menores. Foi formadora durante três anos na Secretaria
Municipal de Maceió Também atuou no campo do ensino fundamental, no ensino
superior como professora de um Instituto tecnológico Federal, e professora de faculdades
particulares na cidade. Sempre atou no campo da educação, alternando em
educação básica, educação a distancia, educação ambiental, sendo inclusive
vice- coordenadora do núcleo de educação ambiental da universidade federal de
alagoas, ou seja, seu campo sempre foi à educação.
O cargo de coordenadora se deu por meio de eleição, pois
afirma que acredita no processo de transparência e gestão democrática. O que
infelizmente não acontece em outros órgãos públicos, onde só há eleição para
diretores, e o processo de escolha de coordenadores acontece por
indicação. Para a coordenadora, “é uma das perdas enormes que se tem,
porque as pessoas criam raízes em determinadas situações e é preciso dar
oportunidades para outras pessoas...” A coordenadora acredita que para ser um
coordenador é preciso conhecer a realidade da sala de aula, se referindo a
muitos professores que não querem perder o cargo de coordenador e vê
a sala de aula como um lugar ruim. “Eu penso que é essencial para ser um
coordenador ou diretor passar por as todas as etapas, pois, como você vai
ajudar uma equipe se você não conhece a realidade? É só teoria?”.
Na coordenação dessa instituição, os coordenadores
também ficam em sala de aula, foi elaborado o certame, elaborando um material
que colocava um dos elementos do edital é que os coordenadores também atuassem
no ensino. Até porque se precisa de uma carga horária mínima mensal, ou seja,
todos os professores que estejam com pró-reitoria ficam pelo menos oito horas
em turmas alunos, pois isso é necessário pra a avaliação de desempenho, e
estagio probatório. Também foi acordado que seriam apenas dois anos de
coordenação para que todos possam vivenciar o tripé de ensino, pesquisa e
extensão e também gestão. Então para a coordenadora “Não tem sentido eu ficar a
minha vida toda, com pessoas com tanto potencial ai fora.”.
A gestão de uma instituição publica se torna
muito cansativa como nos aponta à coordenadora, pois, envolve muitas políticas
publicas, e são muitas respostas negativas ou falsas promessas que se ouve ao
longo do caminho. Com isso vai dificultando o andamento de muitos projetos. E
com isso muitos usuários terminam ficando desassistidos e muitas vezes sem
entender. A referida instituição está passando no momento por diversas
dificuldades estruturais como a falta de banheiros para o banho das crianças,
falta de escovação adequada e refeitório.
São oferecidos cursos para a formação de coordenadores
pedagógicos, porem não é oferecido pela instituição federal, mas pela
municipal. Ela nos explica que a referida instituição é composta por três
vínculos: federal, municipal e uma empresa prestadora de serviços, ou seja,
existem professores, técnicos e funcionários de vários órgãos diferentes. Isso
gera muita responsabilidade na organização de horários. Os cursos são ofertados
pela Secretaria Municipal tanto para coordenadores quanto para professores. Era
ofertado na própria secretaria ou em núcleos, dependendo da demanda ofertada. A
própria instituição, antes era um núcleo de formação para professores e
coordenadores. A periodicidade é de uma vez por mês. A partir de 2013, com a
chegada do projeto “paralápracá” e do projeto “brincar”, o formato mudou, ou
seja, ao invés de os coordenadores irem receber essas formações nesses espaços,
agora eles se deslocam até a secretaria, recebe essa formação e repassam para a
sua equipe. Então embora a coordenadora não seja funcionaria municipal, uma vez
que a instituição tenha as duas demandas, federal e municipal, entende-se que é
interessante que seja respeitado essa forma de formação para coordenadores.
Então a coordenadora recebe essa formação e tenta adequar à realidade da
instituição.
Para a entrevistada existe uma luta muito
grande no que se refere à função do coordenador pedagógico e sua real
identidade, pois, em teoria, como o próprio nome já diz o coordenador deveria
se voltar para o pedagógico. Segundo ela: “existe uma linha muito tênue em
relação ao pedagógico e o administrativo.” Porque o coordenador vai tratar de
horários, organização de equipe, então não tem como alguém enquanto direção
decidir sozinho, ela vai precisar de um coordenador. As demandas maiores para o
coordenador são a formação, planejamento, questões de sala de aula com o
suporte que precisa ser dado ao professor. Na instituição, a coordenadora faz
no inicio de cada ano letivo reserva duas semanas, sedo uma para a formação em
que se convidam pessoas de fora para dar um suporte em relação a varias áreas
de acordo com o levantamento das necessidades como, por exemplo, chamar um
professor de enfermagem para formação na área de primeiros socorros. E outra o
planejamento de calendário. Planejamento para suporte para as crianças e a
articulação da equipe. A coordenadora acredita que uma equipe trabalha partindo
do pressuposto da perspectiva do cuidado e da educação, então todos são
responsáveis e participam efetivamente do processo educativo. Do porteiro à
direção. Para a coordenadora, as funções que são realmente de responsabilidade
de um coordenador sejam o planejamento, pois, ele é a base para a formação da
prática, os momentos de formação, o acompanhamento das crianças. Para a
coordenadora a docência tem inúmeros desafios, e oficialmente sabe-se que
existe uma determinada carga hora para ser cumprida, porém, é impossível sair
do local de trabalho sabendo que existem muitas demandas para serem resolvidas.
Por isso que ela acredita que tem que haver um período pra que cada
profissional possa passar por essa experiência para dar novos estímulos ao
processo. Os profissionais e pessoas que um coordenador lida no dia a dia são
no caso dessa instituição, uma equipe de coordenadores multidisciplinares,
formados por psicólogos, nutricionistas, enfermeiros e a administrativa,
professores, auxiliares de sala, serviços gerais, cozinheiro e merendeiro,
portaria e seguranças.
As diretrizes que orientam o trabalho do coordenador são
os documentos que contem a educação infantil basicamente. Que são as Diretrizes
curriculares da Educação Infantil, a Lei de Diretrizes e Bases, as Orientações
Curriculares, Os parâmetros de infraestrutura, o Referencial Curricular e a
discussão da Base Nacional Comum Curricular e os Parâmetros de Qualidade, Alem
de vários estudos e livros que dão suporte para o planejamento. A Instituição
possui uma biblioteca grande e eles têm uma dinâmica para que os livros possam
circular para que todos possam ter acesso a eles. A coordenadora faz
planejamentos para as atividades desenvolvidas na instituição, pois, ela
precisa distribuir e reorganizar a sua pratica, para que ela possa organizar os
dias de acompanhamento de estágios, recebimento de pessoas e pais e as
reuniões. O Conselho Escolar é uma medida que tem ajudado bastante a articulação
com a comunidade, bem como a criação de grupos em redes sociais, a coordenadora
afirma que as redes sociais ajudam muito. Anteriormente a instituição
trabalhava com as agendas e eles percebiam que muitas vezes elas iam pra casa
na sexta-feira e voltavam na segunda-feira sem os pais terem lido. Então a rede
social nesse momento tem sido de grande ajuda, pois além do registro, a maioria
das pessoas possui um perfil em alguma rede social, tornando mais fácil o
contato. Cada turma tem seu grupo na rede social e em dado muito certo pela
agilidade do processo. E principalmente as reuniões que tem a regularidade de
uma reunião no inicio e uma no final de cada semestre. Entendendo que muitas
vezes os pais não tem a disponibilidade de tempo devido ao trabalho. Além do
dialogo.
São realizados planejamentos as segundas pela manhã e nas
quintas, inicialmente os planejamentos eram feitos semanalmente, mas atualmente
está sendo feito um planejamento quinzenal, levando em consideração a saída de
servidores. Também são feitas formações, que acontecem as sextas-feiras, a
equipe tem buscado incentivar, promover dentro da instituição um incentivo para
a participação de eventos visto que não há um estimulo as participações
acontecem por interesse pessoal, porque os profissionais querem se formar, mas
não recebe nada por isso, não existe nada na carreira em sentido de progressão,
mudança de nível, isso não acontece. Quando há a saída dos profissionais da
instituição para a participação em eventos, a coordenação sempre se preocupa em
não deixar as crianças desassistidas, sempre através de diálogos com os
profissionais realizando trocas de uma forma que as crianças não sintam tanto
essa mudança. O primeiro passo é que a criança não deixe de ser recebida pela
instituição e o segundo passo é que não fuja muito da rotina dela, no sentido
de ter um adulto referencia não chegar uma pessoa que nunca apareceu na
instituição para simplesmente poder substituir o professor, isso pode se
realizar em turmas maiores, mas na educação infantil não, pois há a formação do
vínculo.
Dentro na instituição, a coordenação realiza a formação,
o planejamento, a articulação com os vários segmentos da instituição e o
diálogo com outros órgãos. Também realiza a sua auto avaliação, utilizando os
documentos norteadores, que falam do trabalho do coordenador pedagógico. Além
das leis a coordenação procura se nortear através de materiais e produções da
literatura, voltada para a área para que consiga realizar, mesmo que
minimamente sua avaliação, ressaltando a importância da auto avaliação. Na
instituição estão sendo utilizadas atas, para que se registrem todas as ações
realizadas. A coordenação demonstra gostar do trabalho que realiza, e apesar de
refletir que o muito que faz, lá na frente pode parecer pouco, mas acredita que
o pouco que conseguir realizar dentro da instituição já será algo que a deixará
muito feliz. Ressaltando a importância da dedicação, pois a partir do momento
que você dá o seu melhor dentro das condições que você se encontra todo avanço
é muito bem vindo, demonstrando também a satisfação de trabalhar com a equipe
comprometida que há atualmente na instituição.
A coordenadora relata sua experiência com estágio dentro
dessa instituição de educação infantil, sabendo que os estagiários estão
acompanhando seu trabalho não para fazer sua avaliação e monitorar sua ação,
mas está ali para aprender e para ajudar quem já está em atuação a melhorar
também. Na instituição é realizada a semana de adaptação para que a criança
sinta minimamente essa mudança de rotina, os pais e responsáveis acompanham as
crianças.
SEGUNDA VISITA
Em uma entrevista com a diretora da instituição
conseguimos colher informações para a caracterização do campo de estágio.
A instituição não dispõe de verba, pois ainda não é uma
unidade financeira. Todos os semestres a instituição recebe estagiários. O
conselho escolar está em processo de formação, está aguardando a aprovação da
minuta para que possa realizar as eleições, nessa instituição os pais tem
liberdade de entrar para entregar e buscar suas crianças, também há uma
flexibilidade de horário. Acontece também um processo de acolhimento para
crianças novas, onde existe uma atenção especial para a família e para a
criança, é elaborada uma programação especial para esse acolhimento. É priorizado
reuniões que os professores fazem com os pais, cada professor prepara a reunião
os pais das crianças da sua turma e é proposto que todo início de semestre seja
realizada uma reunião para apresentar o seu planejamento do semestre e no final
do semestre realizar outra reunião para apresentar os resultados do seu
trabalho, as reuniões geral, de gestão, acontecem de acordo com a necessidade,
aproveita-se as reuniões dos professores com os pais para realizar uma
reunião de informes. Há um acervo de leitura ligado a educação infantil onde os
pais também tem acesso e podem pegar emprestado. Ainda não foi criado o
regimento da instituição, e após a criação do conselho escolar, essa será a
primeira atividade a ser realizada.
A instituição funciona em horário integral, ofertando
vagas de período integral e parcial. O número de alunos que a escola comporta é
108, distribuídos em 6 salas, atualmente uma das salas não está funcionando.
A
partir da experiência que tivemos em Estágio nos dois momentos que tivemos e a partir de observações feitas, vimos à
necessidade do núcleo, em ter uma organização de Pais e Mestres para que estes
pudessem colaborar na busca de soluções coletivas para os problemas do dia a
dia da escola, considerando que este órgão é uma importante ferramenta de
colaboração para as decisões tomadas pela escola e um eficiente elo entre os
pais e a comunidade escolar, importante para o sucesso do processo
ensino-aprendizagem. Em resposta a essa necessidade seria essencial criar novas
possibilidades de atuação para os pais, que são participativos, porém não tem
um espaço legítimo e reconhecido pela comunidade escolar.
As ações de uma gestão democrática em uma
organização escolar deve imprescindivelmente, abrir espaço para a participação
da comunidade, pois a escola não pode ser separada da realidade de seus alunos,
e uma interação entre comunidade e escola é de extrema importância para que se
trabalhe em prol de uma educação de qualidade. A gestão democrática, como política de
gestão escolar, deve ser assumida pelas escolas como necessária ao trabalho
pedagógico, visto que por meio da participação conjunta de pais, alunos e
comunidade escolar, é que se pode construir um projeto que de fato promova
educação e aprendizagem.
Considerando-se
que na Instituição de Desenvolvimento Infantil a atuação das famílias não atingiu
ainda um grau satisfatório no que tange a uma participação efetiva na tomada de
decisões importantes para a instituição, tomando ainda a gestão democrática
como referência, através desse trabalho propomos chamar a atenção, sobretudo
das famílias, para a necessidade da participação na escola e das atividades por
ela desenvolvidas, como forma de contribuir mais para o processo ensino e
aprendizagem de seus filhos.
Desta forma, foi feito um trabalho de mobilização da comunidade,
uma vez que, para implementação de um projeto desse porte, se faz necessário a
adesão e apoio massivo dos agentes escolares e pais dos alunos. Assim, entendem perfeitamente a
importância e urgência da criação da APM (Associação de pais e mestres).
Em seguida, houve uma reunião com gestores, pais e mestres, em que
fizemos uma apresentação detalhada do projeto para os atores presentes. Nessa
ocasião também distribuímos folder com linguagem didática e de fácil
entendimento aos pais. Discutimos questões como:
·
O que é uma APM?
·
Qual o objetivo?
·
Como a APM
pode colaborar?
·
Quem pode
participar da APM?
·
Como a APM é organizada?
·
O que é a
Assembleia Geral?
·
O que é o
Conselho Deliberativo?
·
O que é o
Conselho Fiscal?
·
Que outras
contribuições e melhorias a APM trará para a escola?
·
Como posso
participar da APM?
·
A APM deve
ser registrada em cartório?
·
Qual a
relação da APM com Conselho escolar?
Portanto, disciplina de
Estágio Supervisionado I na área de gestão nos proporcionou saberes muito
significativos, pois está nos aproximou da realidade das práticas da equipe
gestora e do cotidiano escolar. A partir das experiências que tivemos na
instituição infantil, passamos a entender melhor o estágio supervisionado como
uma fase do curso de licenciatura de fundamental importância, indispensável
para a formação de futuros professores, pois esta etapa nos prepara para
encarar os desafios da docência a partir da relação entre teoria acadêmica e as
práticas pedagógicas no cotidiano escolar. E, além disso, a disciplina nos
proporcionou executar dentro da instituição um projeto de intervenção direta,
uma Associação de Pais e Mestres, o que para nós foi um desafio maior, pois
tivemos a responsabilidade de, com a ajuda essencial de nossa orientadora,
fazer um estudo minucioso sobre APM e tentar instituí-la na escola, pois
entendemos que, na atual conjuntura em que se encontra a instituição infantil,
este seria um dos melhores caminhos para favorecer a relação entre a comunidade
e a escola e, partindo de uma participação mais efetiva, pudessem lutar por uma
instituição mais fortalecida na busca dos seus objetivos.